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Diagnóstico

O diagnóstico da DG é, normalmente, bastante fácil. A combinação de sinais de oftalmopatia, bócio, dermopatia e qualquer um dos vários sinais de hipertiroidismo resulta num quadro clínico que dificilmente passa despercebido. Contudo, quando manifestações destas doenças aparecem isoladamente, são necessários outros testes mais específicos, como os laboratoriais, para confirmar o diagnóstico uma vez que estas doenças podem indicar muitos tipos diferentes de diagnósticos, como, por exemplo, a dermatite crónica e a mucinose cutânea podem apresentar sinais muito idênticos à dermopatia que caracteriza a DG, sendo que só com uma biópsia cutânea é que se confirma um diagnóstico exato.

Se os sinais que se manifestam forem relativos a um hipertiroidismo, por exemplo, ainda mais amplo é o campo de diagnósticos possíveis. (1)

Desta forma, analisando a presença ou ausência destes sinais e sintomas particulares a esta doença, tendo em conta a sua a especificidade e variedade (oftalmopatia - relacionado com os olhos, dermopatia - relativo à pele, e hipertiroidismo - relacionado com a tiróide) um diagnóstico clínico é quase tão fiável como um diagnóstico apoiado em testes de laboratório. (1)

O diagnóstico pode ser realizado por testes e exames físicos e/ou por testes laboratoriais como análises ao sangue. Inicialmente deve-se proceder a um diagnóstico físico, e como os sinais e sintomas da DG são tão característicos e fáceis de identificar, normalmente o exame físico é suficiente para diagnosticar a doença referida. Contudo, em caso de dúvidas deve-se proceder a exames e testes químicos/laboratoriais. (2)

Estes exames físicos e laboratoriais podem ser agrupados em três classes uma vez que são três os fatores principais que caracterizam a doença de Graves: exames relacionados com a oftalmopatia, com a dermopatia e com o hipertiroidismo. Deve ter-se em conta sempre estas três “classes” de exames, uma vez que a doença pode não se manifestar através de uma classe mas sim através das outras duas, sendo que o hipertiroidismo está quase sempre presente e é por isso mesmo um factor que geralmente causa confusão, havendo muitas pessoas que consideram hipertiroidismo e doença de graves sinónimos quando não o são. A doença de graves é uma doença auto-imune que se caracteriza por hipertiroidismo, mas nem todos os casos de hipertiroidismo estão relacionados com a doença de Graves. (3)

Assim, o diagnóstico da doença de Graves não depende do paciente apresentar tirotoxicose (alta taxa de tecidos infetados com hormonas derivadas da tiróide, normalmente devido a um hipertiroidismo).

Existem portanto casos que manifestam doença de Graves, mas que apenas possuem sinais e sintomas de Oftalmopatia e Dermopatia.

Contudo, devido à maior e quase total prevalência de hipertiroidismo nesta doença, existem duas perguntas muito frequentes a diagnosticar:

1) o paciente tem hipertiroidia?

2) a causa desse problema é a doença de Graves? (4)

Hipertiroidismo

 

Diagnóstico físico (6)

 

Exames físicos:

- aumento significativo da tiróide (hipertiroidismo) através da palpação.

- bócio multinodular (presença de nódulos na tiróide produzidos devido a mutações somáticas no TSH-R num ou em mais nódulos, permitindo-lhes crescer e tornarem se funcionais, mesmo na ausência de estimulação de TSH responsável pela produção de hormonas tiroideias circulantes).

Diagnóstico laboratorial

 

1. Medição dos níveis séricos hormonais:

 

1.1 TSH e LT4 ( tiroxina 4 livre)

 

Uma vez levantada a questão de que o paciente sofre de tireotoxicose, é necessário proceder a análises laboratoriais para verificar o diagnóstico, ajudar a estimar a severidade da doença e contribuir para um plano de terapia. Um único teste, como a medição dos níveis de TSH ou da hormona T4 livre, é normalmente suficiente, mas de forma a realizar-se um diagnóstico mais assertivo é costume fazerem-se os 2 testes em simultâneo.  

Como teste inicial, é usual começar-se com a medição dos níveis de TSH que, caso o diagnóstico prévio esteja correto, e o paciente de facto sofrer de tireotoxicose, os seus valores devem andar á volta dos 0-.1µU/ml, ou seja, deverão ser bastante reduzidos. (1)

Medição dos níveis da hormona T4 livre circulante, é também um bom teste, sendo normalmente complementar do anterior. Se o paciente sofrer de tireotoxicose, estes níveis serão muito acima da média. Contudo, nos casos mais precoces da doença poderá haver apenas subida da tiiodotrionina- T3, sendo que a medição de T3 livre deve ser efectuada em pacientes com os níveis de T4 normais e de TSH reduzidos. (3)

A medição dos níveis de T3 livre é normalmente usada como um teste secundário, caso a análise da hormona T4 livre não seja conclusiva.

Isto deve se ao facto, de que é muito raro a quantidade de T3 estar muito elevada sem que a quantidade de T4 também o esteja, uma vez que é a hormona T4 que normalmente metaboliza para T3.  Contudo, uma vez que é a hormona T3 que geralmente se liga aos recetores nucleares das células, faz sentido que uma elevação dos níveis de T3 leve á produção de tireotoxicose. (3)

 

 

1.2 Absorção isotópica pela tiróide

 

 Em pacientes com tireotoxicose, a absorção de iodo radioactivo é bastante acima da média. Este teste não e muito comum, sendo que uma das razões é a alta precisão dos testes de medição de TSH e de T4 livre. Assim sendo, este teste é recomendado a pacientes em que se acredita que tenham tireotoxicose (devido a, por exemplo, possuírem níveis de TSH reduzidos), mas que não têm sintomas e sinais típicos, como por exemplo pacientes com sintomas de curta duração, bócio reduzido, com ausência de oftalmopatia, sem precedentes familiares ou com resultados de testes específicos de anticorpos negativos. (6)

 

 

 

1.3 Anticorpos Antitiroideus

 

 A utilização de anticorpos do recetor da tirotrofina (TRAb), ou anticorpos anti-rTSH, é muito frequente e, se o resultado for positivo, confirma seguramente a DG. Contudo, não é um teste requerido para o diagnóstico como os testes anteriores. (4)

Embora, estes anticorpos estimulantes da tiróide sejam responsáveis pelo hipertiroidismo, na DG, a sua concentração sérica é muito baixa, chegando mesmo a ser indetetável em alguns indivíduos.(4)

Este teste baseado na medição de anticorpos anti-rTSH, apenas indica a presença ou ausência destes anticorpos, não indicando se são estimulantes ou bloqueadores. Contudo, com um resultado positivo num indivíduo com hipertiroidismo, logicamente conclui-se que os anticorpos são estimulantes.(5)

Existem muitos casos de pacientes que apresentam DG, mas que já têm previamente um bócio multinodular conhecido, gerando alguma confusão e dúvida no diagnóstico da DG. Assim, de forma a confirmar a suspeita da doença, procede-se á quantificação dos anticorpos anti-TPO e se a concentração sérica desses anticorpos for elevada confirma-se a DG.

 É também costume fazer-se uma cintigrafia, que caso demonstre bócio difuso, confirmará o diagnóstico. (5)

Oftalmopatia

 

1.Diagnóstico físico

 

1.1 Sinais: (3)

· Dor ou pressão retro bulbar

· Retroação palpebral (um menor grau de retroação palpebral pode dever-se à hiperactividade simpática e, consequentemente ocorrer em qualquer causa de hipertiroidismo, não sendo portanto um sinal tão específico para diagnosticar a DG)

· Edema periorbitário

· Exoftalmia (proptose)

· Disfunção muscular extraocular

· Queratite de exposição

· Neuropatia ótica

 

 

1.2 Exames para diagnosticar a proptose (3)

 

1.   tomografia axial computorizada

2.   ressonância magnética das órbitas

Dermopatia

 

A dermopatia infriltativa localiza-se mais frequentemente a nível pré-tibial, ou no dorso do pé, mas pode ocorrer noutros locais, particularmente depois de um traumatismo. Desta forma, raramente são encontradas lesões nos cotovelos, braços, nas mãos, nos dedos ou mesmo na face.

Estas lesões são geralmente assintomáticas, mas podem ser dolorosas. A sua evolução é normalmente gradual, durando meses, para depois estabilizar. Existem ainda casos em que as lesões chegam mesmo a regredir.

A dermopatia ou mixedema pré-tibial ocorre geralmente simultaneamente com oftalmopatia severa.

Por último, a dermopatia é caracterizada por tornar a pele vermelha e inchada, sendo que a textura da pele afectada pode ser semelhante ao de uma “casca de laranja”. (3)(7)

Referências:

 

(1) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK285548/

(2) http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0871-34132008000300007&script=sci_arttext

(3) Neves, Celestino; Alves, Marta; Delgado, José Luís; Medina, José Luís. Doença de Graves (2008)

(4) Rebecca S.Bahn%20(eds.)-Graves Disease_A Comprehensive Guide for Clinicians-Springer-Verlag New Yor (2015) 

(5) (McfarlandHealthTopics) Elaine A.Moore, Lisa Marie Moore-Advances in Graves' Disease and Other Hyperthyroid Disorders-McFarland (2013)

(6) Health Publica Icon Health Publications-Graves' Disease-A Medical Dictionary, Bibliography, and Annotated Research Guide to Internet References-ICON Health Publications (2004)

(7) http://nt.estiga.com/a-doenca-de-graves-2

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